" Voltamos dos Estados Unidos com uma bagagem de conhecimentos bem maior de quando fomos. Passamos a encarar a vida de uma outra forma, e o que era mais importante, o real significado da família.
No aeroporto, ao chegarmos, nossas mães nos esperavam juntamente com alguns parentes e amigos. Abraços com lágrimas de saudades e felicidades, nos dirigimos à casa de meus pais.
Tudo estava como havíamos deixado. Da mesma forma onde eu havia me despedido de meu pai, deixando-o chorando e sentado numa poltrona, vitimado por um AVC. E assim novamente, o encontrei.
Fizeram um almoço em nossa homenagem e lá ficamos aquela noite. Como eu já havia me decidido de que não desejava mais interferência em nossas vidas dali para frente, embora os amasse demais, e para que esse amor não sofresse nenhum abalo, resolvi por bem, irmos residir provisoriamente num minúsculo apartamento no centro da cidade de São Paulo.
E assim, reiniciávamos nossa vida no Brasil. A princípio, Luiz Antonio foi trabalhar com o ALCEU como corretor de imóveis. Que alívio !
Passamos a dormir em paz. Mais alguns meses fui submetida à cirurgia dos olhos, a qual me deu chances de poder ver, ler e escrever novamente. Felicidade esta que há muito já não tinha, embora tivesse sido alertada pelos médicos americanos que talvez essa melhora não seria duradoura.
Apesar que naquele momento nada disso ainda me preocupava. INABEL voltou a estudar e meu marido foi convidado a assumir a gerência da empresa que era corretor.
Novos horizontes se abriram. Luiz Antonio ganhou muito dinheiro. A corretagem era venda de grandes indústrias. Daquele apartamento pequeno passamos para um outro maior até que conseguimos comprar uma segunda casa. Já esta não sendo só dos sonhos do Luiz Antonio como a primeira, mas sim dos sonhos dos três.
Foi uma compra com bases sólidas com ambas as cabeças no lugar, com os pés no chão. Sabíamos o que estávamos fazendo.
Nessa época, nasceu em mim a vontade de ser mãe pela segunda vez. Queríamos agora um menino. Maternidade essa que me havia sido negada por meus oftalmologistas, em virtude dos fortíssimos medicamentos que meu tratamento exigia.
Numa próxima consulta, perguntei-lhe sobre isto, e me responderam, que se eu interrompesse o tratamento durante a gravidez, poderia ter esse filho tão desejado ! Engravidei logo após, e todos esperávamos ansiosos o dia que o bebê viesse ao mundo.
A princípio tive uma gravidez normal, com um pré natal promissor. No terceiro mês de gestação recebi a notícia que meu pai estava muito mal. Corremos para sua casa desesperados.
No quarto que ele estava, o médico de nossa família tentava fazer algo por ele. Luiz Antonio entrou e me aconselharam devido meu estado de gravidez, que o mesmo eu não fizesse. Passados alguns minutos, meu marido saiu do quarto e pelo seu semblante, e sua voz embargada pude notar que o pior já havia acontecido.
Levei um choque. Chorei muito, me dava muito bem com meu pai, ele era muito meu amigo. Cheguei ao desespero e nada ou ninguém podiam me consolar. Tal estado emocional não me foi benéfico. A partir de então, comecei a ter problemas com a gravidez.
Sentia-me mal, muitas dores e perdendo a disposição. Em consequência dos fatos, com cinco meses e meio de gestação comecei a perder água. Fui obrigada a fazer um repouso absoluto, caso desejasse ter um filho em condições normais.
Infelizmente, só consegui segurá-lo até o sexto mês e meio. Com um parto um tanto difícil, com grande perícia de meu obstetra, sempre optando para o bem do bebê, que se fizesse um parto normal. Ao findar 24 horas, o nosso tão sonhado filho veio ao mundo pesando apenas 900 gramas. "
Mais para frente, próximo capítulo...
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