LIVRO

Capítulo 11- Romance Luiz e Luica

9 de setembro - 19h17

Capítulo 11 -

 

" Isso aconteceu numa madrugada de 28 de novembro .

Ao ser examinado pelo pediatra de plantão do hospital São José, de enfermeiras freiras, fomos informados que somente um milagre de Deus poderia salvar a vida daquela criaturinha. Não pude vê-lo ao nascer, pois foi imediatamente encaminhado à encubadora, onde ficam os prematuros.

Passei cinco dias no hospital em intensa expectativa, sempre com a esperança que logo estaríamos juntos. A cada momento , que os carrinhos levando os bebês para as mães os amamentarem e a porta do meu quarto não se abria, escutando os choros das crianças, ficava a imaginar meu filho e em que estado se encontrava.

Obtia informações do meu marido que já o vira na pediatria, um tanto inseguro, tentava ele disfarçar ,mas eu o sentia muito triste. Quando me foi concedida a alta médica, permitiram que que eu pudesse vê-lo por minutos.

IRMÃ PALMIRA,freira e enfermeira, maravilhosa criatura, que naquela época, trabalhava no berçário ha 40 anos, sentindo minha angústia, colocou-me uma luva medicinal, podendo eu assim , através daquele pequeno orifício da encubadora, tocar e sentir, embora as luvas atrapalhassem pela primeira vez o meu contato com o corpinho do meu adorado LUIZINHO.

A emoção desse momento foi inesquecível. Não sabia se ria ou chorava e recebi imediatamente o consolo da maravilhosa Irmã Palmira que com toda sua experiência me garantia, que eu tivesse fé, pois um dia ele sairia em meus braços.

Fomos informados que para tanto , ele necessitaria de leite materno e como eu infelizmente não tinha, tivemos que arrumar três doadoras em bairros diferentes de São Paulo. Naquela época, ainda não existiam bancos de leite materno nos hospitais. Eram elas, uma gaúcha, uma negra e uma descendente de sírios, que salvariam meu filho.

Diariamente fazíamos esse percurso três vezes ao dia, em busca de tão precioso alimento. Infelizmente por motivos vários, esquecemos os nomes de tão maravilhosas mulheres, mães de leite de nosso filho, às quais faziam isto pelo simples amor ao próximo, nada nos cobrando.

INABEL, já com 9 anos, vivia nos perguntando quando seu irmãozinho iria para casa. Meu marido nem o berço comprou com receio que algo ainda pudesse acontecer.

Passava o tempo, ficamos distantes dele no Natal e fim de ano, vendo-o apenas quando nos era permitida a entrada no berçário, sempre através da santa Irmã Palmira.

Embora meu obstetra também tivesse grandes esperanças, o pediatra mostrava-se o oposto, e ainda nos dizendo que não contássemos com o ovo antes da galinha. Sentindo nosso desespero, meu obstetra começou a acompanhar diariamente, sem que tivesse obrigação à evolução física de nosso querido filho, mas sempre com otimismo.

 Lembro-me bem que, no início de fevereiro de 1972, Irmã Palmira nos telefonou toda eufórica, dizendo-nos que poderíamos ir buscá-lo no dia seguinte. Naquela noite não dormimos de tanta alegria, pois estava chegando o momento mais ansiosamente aguardado por todos nós. Ao chegarmos na maternidade, Irmã Palmira me vestiu com um roupão azul, com máscaras protetoras, convidando-me a entrar no berçário e surpresa fiquei ao saber o quanto já estava pesando, ou seja 2 quilos e 160 gramas e que naquele momento eu iria dar o seu primeiro banho.

Parecia marinheira de primeira viagem. Encontrava-me excitada e nervosa, a ponto da própria Irmã ter que me ajudar.

E foi assim que 3 meses após o seu nascimento, conseguia sair daquela maternidade toda orgulhosa, carregando-o em meus braços, apertando-o contra meu peito e levando várias recomendações da Irma Palmira.

No carro, quando nos dirigíamos para casa, INABEL estava tão eufórica, que não parava de falar. Fazia planos com a presença de seu irmãozinho em nosso lar.

Decididamente , temos uma imensa GRATIDÃO à IRMÃ PALMIRA, e àquelas três mulheres, sem vínculo algum conosco, que salvaram a vida do nosso filho.

Infelizmente, não as vi mais , a Irmã Palmira ainda a visitamos por algum tempo, depois perdemos o contato. Nem sabemos ao certo se a Irmã estivesse viva ainda hoje, até por ter já uma idade avançada quando no nascimento de LUIZINHO.

GRATIDÃO é a palavra que encerra aqui esse capítulo... "

 

Continua nos próximos dias !

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