Diversos

Câncer de Mama

13 de outubro - 01h43

Inabel Delfino

Aqui vou transcrever o depoimento da  inha amiga Tathiane Otero, fotógrafa.

Um exemplo de mulher.

 

" Tive câncer de mama aos 33 anos. Um câncer raro, identificado como Ductal mucinoso invasivo em grau III avançado. 

Tumor de crescimento lento e de aparência sem deformidade. Sempre fiz exames de ultrassom a cada seis meses, os exames estavam sempre ok. Uns quatro meses antes da biópsia percebi que meu seio esquerdo havia diminuído bastante, e estava repuxado, aparentando uma textura como se fosse uma casca de laranja, e sangue começou a sair pelo bico do peito.

Foram três meses de investigação, exames foram realizados, e o que constava foram nódulos de contornos benignos que aparentavam ser de gordura. A biópsia foi marcada para o dia 18/07/2008, dia que completei 33 anos. Na verdade, o dia que renasci. O diagnóstico veio na semana seguinte, caindo como uma bomba na minha vida e na de todos à minha volta. Um buraco se abriu e me engoliu, eu vi a luz se findando em meio às minhas lágrimas.

Precisei de um tempo pra emergir e recuperar o fôlego necessário e continuar nadando no mar de incertezas e medos que me rodiavam. Mas logo foi possível enxergar as mãos que vieram em minha direção, no meu caso foram muitas, e elas também se deram as mãos por mim, e todas elas me resgataram e me salvaram. Meus pais, meu marido, meu filho, minhas tias, meus tios, primos e primas e amigos queridos. E a fé em Deus que a gente desconhece que tem, até que precisa dela. Foram oito meses de tratamento entre quimio, cirurgia e radio. Mais três cirurgias de reconstrução que me trouxeram momentos difíceis, mas de muita aceitação. No meu aniversário de 34 anos , eu me sentia feliz e curada.

Durante o tratamento, nunca deixei de fazer as coisas que eu gosto, continuei praticando atividade física e curtindo a vida nos intervalos da químio. Minha cabeça sempre foi muito boa, o meu medo sempre foi dos efeitos da químio, nunca de morrer. E depois nem da químio eu tinha mais medo. E eu venci essa primeira batalha. Três anos depois foi diagnosticada uma metástase pulmonar e óssea. E eu fui para a luta pela segunda vez, e aquelas mesmas mãos estavam lá novamente. Fiz uma cirurgia pra tirar um nódulo no pulmão, depois descobrimos que eram dois. Veio a radio na coluna e uma ano depois a histerectomia pra retirada do útero e ovários, por precaução, já que a doença no meu caso é alimentada por hormônios. 

Venci ! Veio a faculdade aos 37 anos, a formatura, a profissão aos 38 anos, o divórcio aos 40 e junto uma dor maior que o câncer. Então veio o amadurecimento, o trabalho, as descobertas, as conquistas, a viagem dos sonhos aos 42. E um novo amor quem sabe me aguarda, estou chegando.

O que eu posso dizer a todas as mulheres que passam e vão passar por essa batalha ! Lute vivendo ! Não se sentencie, a vida se apresenta cíclica na felicidade, assim como na adversidade.

Quando a gente se sentencia, a gente poda todas as possibilidades e reviravoltas que a vida dá e nos guarda. Essa é a minha frase de cabeceira: a tristeza é apenas o intervalo entre duas felicidades... E lá se vão quase 10 anos, que me ensinaram que a andança é sempre mais importante que o chegar. "

 

 

 

 

 

 

 

 

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