Lembrando que o romance é descrito em primeira pessoa, pela minha mãe, Luica, e sua fala coloco entre aspas.
Terceiro Capítulo -
" Resolvi então assumir aquilo que Deus dá de mais belo à uma mulher.
Eu lecionava e tive uma gravidez perfeitamente normal.
Alguns meses depois, chegou o grande dia, nascia nossa primeira filha, tal qual sonhamos em nosso primeiro encontro. INABEL chegou ao mundo. Pequenina, feinha como toda criança, mas foi quem trouxe muitas alegrias a todos nós. Onde eu estava com a cabeça quando quis um dia tirar a vida daquela criaturinha ???
Nossa vida continuava a partir do nascimento da INABEL , como a de todos casais. Eu e meu marido trabalhávamos , e à noite ao chegarmos em casa, não sei qual dos dois mais dava atenção à INABEL e percebemos que ambos fazíamos tudo ao mesmo tempo, gerando muitas alegrias e por vezes alguns desentendimentos. Meu pai e minha mãe entravam nisso também, porque se sentiam um pouco donos dela.
Após nossa filha ter feito um aninho, resolvemos morar sozinhos. Montamos nosso próprio apartamento e nossa vida conjugal era maravilhosa. Luiz Antonio fora promovido a contador e eu passei a lecionar em dois estabelecimentos de ensino, como substituta.
Dinheiro não nos faltava , e com ele passamos a ter uma vida social bem intensa e em menos de um ano, Luiz Antonio foi promovido a sub gerente. Aquele jovem magro da praia, dia a dia foi se transformando, transformação física e de comportamento. Começaram a surgir novos amigos.
Quando não vinham em minha casa, o levavam para programas. Começava a me sentir só. Passava madrugadas inteiras esperando por ele, quando muitas vezes chegava ao amanhecer.
Chorando, lhe perguntava onde estivera e o mesmo me respondia que eu não tinha nada a ver com isso, que a vida era dele, que sabia o que fazia.
Ia lecionar desesperada, tentando disfarçar de todos que eu era infeliz. Tinha medo de me desabafar com meus pais, pois eles iriam contra meu marido. E como eu o amava, desejava resolver o problema sozinha. INABEL pouco via o pai e eu sabia que ela sentia sua falta , falta de sua presença em casa. Nova promoção surgiu para meu marido, a gerência. Cuja notícia não me deixou feliz.
Seu comportamento no lar piorou mais ainda. Ternos brilhantes, sapatos reluzentes, se preocupava apenas com sua aparência, considerando-se bonito e mais ainda, machão ao extremo rsrsrsr.
Mandava e não sabia mais pedir, gritava e não mais falava, sua opinião prevalecia, e sua palavra era a última.
Só falava em suas amizades importantes, clientes do banco, em dinheiro, lugares grã finos que frequentava, e se vangloriava por ficar rodeado de mulheres bonitas.
Quando eu tentava retrucar, me dizia que isto fazia parte de sua posição no banco, e que eu cuidasse das coisas referentes ao lar, pois para isto ele não tinha mais tempo. Eu me considerava o próprio objeto, fazia parte dos móveis e utensílios domésticos.
INABEL já estava com 3 anos , quando eu comecei a perceber que estava com algum problema de ordem visual. Já nem encontrava meu marido. Ia aos médicos sozinha e ao obter o primeiro diagnóstico, um dia tentei-lhe dizer, mas como não me dava mais atenção, me calei.
Nessa ocasião meu marido cismou que devíamos comprar uma casa, a fim de mudarmos de ambiente. Ele menosprezava nossos vizinhos humildes e dizia, como nossa filha iria crescer num lugar como esse ? E acreditem, morávamos num ótimo bairro em São Paulo,o Belenzinho ... afff.
Relutei, mas de nada adiantou. Não sabia como teria ele condições em comprar essa casa. Apesar de tudo, um dia me levou para conhecer o imóvel que escolhera, e por fim , contra a minha vontade, a comprou.
A partir daí, sua arrogância, sua insensibilidade, aumentaram.
Continuava comprando roupas caríssimas, tornando-se extremamente vaidoso, me obrigando a oferecer jantares em nossa casa a seus amigos importantes, quando fazia questão que a sofisticação predominasse, proibindo que meus pais e minha sogra aparecessem em casa nesses dias. "
Quarto capítulo nos próximos dias ...
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