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SEXTO CAPÍTULO - ROMANCE LUIZ E LUICA

2 de maio - 17h08

Inabel Delfino

" Olhamos para um canto e de repente vimos INABEL tentando pintar os rodapés. No fim do dia, tínhamos mais tinta em nossas roupas do que nas próprias paredes.

Tomávamos um banho, um lanche rápido e ficávamos conversando, e aos poucos estávamos fazendo planos novamente. O que um pintor profissional faria em uma semana, nós levamos mais de um mês. Finalmente conseguimos receber nosso primeiro pagamento.

Voltamos à casa da minha tia e meu marido arrumou sua documentação e conseguiu seu primeiro emprego efetivo. Jardineiro de cemitério, o MONTE HEBRON CEMITERY, da Cedran Grove Organitation. Como ainda nevava muito, mas era época de recrutamento de limpeza, colocação de pedras e outros trabalhos com gramas artificiais, por isso foi contratado com antecedência.

Trabalhava das 7 às 17h, e eu passei a cuidar da casa da minha tia com toda minha deficiência visual.

Somente dessa maneira, ou seja, meu marido trabalhando, e algumas reservas nossas, eu conseguia fazer minhas consultas médicas. À tarde, Luiz Antonio me contava suas experiências no cemitério, seus novos amigos e como ele era tratado. Conversas que nos últimos tempos, eu nem tinha mais com meu marido.

Cheguei a conhecer um desses novos amigos. Um velho polonês chamado Anton, que já havia vivido no Brasil, mas mal sabia falar o português.

Ele muito ajudou meu marido no início, incentivando-o naquele diferente trabalho. Alguns meses depois, o chefe do Luiz Antonio, o convidou para ser coveiro, vejam só, ganhando o dobro. Para nós aquilo representava muito, pois poderíamos alugar a nossa casa.

Quem diria, um homem que anteriormente obrigava seus subordinados a chamá-lo de senhor e mal acatava as ordens de superiores, arrogante, hoje se sujeitaria a um emprego que jamais aceitaria em outros tempos.

Todo trabalho é digno e isso meu marido já havia aprendido, que o mundo gira, ninguém é melhor que ningúém e como é importante uma pessoa ser humilde.

Durante todo esse tempo, trocávamos cartas com a família, com muita saudade.

Nos mudamos para nossa casa em seguida, e o Luiz Antonio assumiu seu novo posto no cemitério. Me recordo, como se fosse ontem, quando ele se dirigia pela primeira vez ao cemitério, sem saber se aguentaria tal serviço... "

E a casa da foto, juntamente um carro, meu pai conquistou com serviços braçais em New York.

 

Cenas do próximo capítulo nos próximos dias !

 

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