LIVRO

CAPÍTULO 14- ROMANCE LUIZ E LUICA

2 de maio - 17h04

" Por minha conta e apoiada pelo meu marido, resolvi trabalhar com nosso filho à minha maneira, sem técnicas ou métodos sofisticados, usando apenas a intuição de mãe e especulando pessoas com alguns conhecimentos, o que se poderia fazer nesses termos.

Fizemos barras e escadas de madeira. Um corre mão na parede. Adquirimos um andador, uma bola pequena de borracha, uma grande de ar, e alguns objetos de cores e formas variadas. Me imbuí de força total , mas quando me lembrava do que me haviam dito, eu me revoltava contra a medicina, ao mesmo tempo achava uma profissão valiosíssima dentro de nossa sociedade, quando bem ministrada e tendo por base o amor ao próximo. Estava em conflito.

Jamais para minha tranquilidade deixaria meu filho nas mãos de outras pessoas, pelo menos sem antes ter tentado fazer alguma coisa por ele. Se Deus colocara essa cruz em meu caminho, eu é quem deveria carregá-la, e não pagar para que uma profissional a carregasse por mim.

No íntimo não aceitei e não me conformei com todo o diagnóstico, tendo grandes esperanças em poder conseguir alguma coisa. A única certeza que tinha era o grande amor por meu filho, e com amor, carinho e dedicação iria salvá-lo.

Foi um trabalho árduo e um tanto difícil, pois minha visão estava piorando novamente, e não podia contar muito com a colaboração de meu marido devido às suas atividades profissionais. Passava o dia inteiro exercitando através de ginástica forçada o corpo do meu filho. Articulava seus bracinhos e perninhas, forçando seus membros para que se fortificasse.

Forçava-o a andar no corre-mão do corredor e segurasse as barras. Ajudava-o a subir e descer a escadinha de madeira.

Fazia com que ele segurasse a bolinha de borracha, forçando-a em movimentos de abrir e fechar, passando de uma mão para outra a fim dele aprender a segurar outros objetos.

Colocava-o sentado no andador e segurando suas perninhas ensinava-lhe os movimentos de andar. Colocava também, diversos objetos ou brinquedos em sua volta, pedindo-lhe que apontasse aquele que eu pedia.

Exercitei minha profissão de professora com meu filho. Ao mesmo tempo tentava fazê-lo falar. Com uma de suas mãozinhas levemente tocadas em minha boca, eu pronunciava bem pausadamente, tentando uma dicção clara; eu dizia mamãe e papai. Fazia isto várias vezes, algumas horas até, e para minha satisfação começava a perceber reações favoráveis em relação à sua fala, pois aos poucos começava a pronunciar MÁ e PÁ.

Isto me fortalecia a continuar aquele trabalho tão leigo e custasse o que custasse, eu o faria uma criança normal. Andando, correndo, falando, brincando e conhecendo os seus familiares.

Tinha em mente um objetivo, fazer de meu filho GENTE. E não um objeto de curiosidade de conhecidos, que não passando os mesmos problemas, não lhes dão o significado exato daquilos que seus olhos vêem, mas suas mentes repelem chegando ao cúmulo de uma marginalização.

Aos poucos fui percebendo que o mesmo já reagia. Falava começando a pronunciar pequenas sílabas, sabendo já pedir o que desejava e nós o entendíamos perfeitamente bem. Mas eu não poderia parar ali com essa pequena vitória. Sentia-me cansada com a visão piorando cada dia mais, e mais e mais eu lutava. Desejava vê-lo andando sozinho. Além desse trabalho, eu não podia me esquecer de INABEL, de meu marido e dos afazeres domésticos. Estava sobrecarregada !

INABEL quando podia me ajudava.

E como ajudou na dura tarefa ! Fui notando que sentadinho no andador, ele o empurrava para frente e para trás, isto conseguindo somente com 3 anos de idade. Constatei que demonstrava reflexos favoráveis também para andar. "

 

Continua...

 

 

 

 

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