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CAPÍTULO 15 - ROMANCE LUIZ E LUICA

2 de maio - 17h03

" Obriguei-o a ficar em pé no andador, fazendo com que segurasse em suas bordas e com minhas mãos colocadas em seus joelhos, eu o levava de cá para lá.

Qual não foi nossa surpresa tendo passado mais algum tempo , vi-o sozinho dando marcha ré dentro do andador.

Ora, se uma criança consegue trocar passos para trás, automaticamente essa criança passaria a andar no sentido correto.

Dependia apenas de mim. Faltava tão pouco e tinha a certeza que iria conseguir. Com pouco mais de três anos tivemos a alegria de vê-lo dentro do andador correr atrás de mim, INABEL e meu marido. Logo em seguida, com certa dificuldade começou a andar sem o auxílio do andador, surpreendendo-nos, tentando subir em cadeiras, poltronas e até escada, a qual já descia sentado degrau por degrau.

Peguei o hábito de dar duas ou três voltas ao dia no quarteirão, segurando sua mãozinha, fortificando suas pernas.

Convidava crianças da vizinhança para que ele fosse se sociabilizando paulatinamente. Num determinado dia recebi a visita de uma conhecida, cujo filho tinha a mesma idade do Luizinho. Ingenuamente insisti para que ambos fossem brincar e ela me perguntou se os brinquedos do Luizinho estavam desinfetados e se o mal de meu filho era contagioso. Me controlei por educação, porque minha vontade naquele momento seria de convidá-la a se retirar.

Foi aí que tomei a verdadeira consciência da marginalização que todo deficiente sofre, embora na ocasião eu ainda não supunha que tal sentimento por uma anomalia física chegasse a esses extremos. Calei-me, enguli em seco e mentalmente orei, ficando até com pena daquela mãe tão preocupada. "

 

Continua nos próximos dias...

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