" Num relance de consciência, ouvindo e sentindo tudo isso, reencontrei minha fé, a qual não estava perdida, mas sim, adormecida dentro de mim.
Naquele exato momento tive a impressão que algo de muito lindo renascia dentro de meu ser, e jurei a mim mesma, mesmo que tivesse que lutar contra minha própria morte, deixaria aquilo que estava corrompendo minha alma e destruindo minha família.
O vício não poderia ser maior que o amor pela vida que voltei a sentir, e nem tão pouco a invrível vontade de vencê-lo.
No mesmo dia antes de ir para o trabalho, Luiz Antonio deixava todos os meus comprimidos sobre o criado mudo e dizia: que eu usasse todos os que realmente necessitasse, mas que pelo amor de Deus, não maltratasse nossos filhos.
Sempre com as palavras pronunciadas por ele na madrugada anterior, martelando meus ouvidos, dizia a mim mesma várias vezes seguidas , hei de vencer. Hei de vencer. Hei de vencer.
Parecia que eu própria queria confirmar uma vitória sobre as drogas, que tinha de aceitar esta verdade, sem vacilações. Mesmo assim, apesar de toda minha força de vontade, tive crises horríveis. Somente quem já teve esse problema, saberá o que isso significa.
A princípio, eu olhei para a primeira dose, não as tomei, a segunda idem, a terceira, a quarta e consequentemente todas as demais que meu organismo necessitava. Era difícil, mas eu ia aguentando.
Caía no chão, sentia dores terríveis na cabeça, na nuca e em todas as articulações do corpo.
Sentia muitas cãibras.
Eu chorava muito.
Me agarrei desesperadamente em meu marido, implorando-lhe para ele me ajudar, pois faltava tão pouco e eu deveria vencer.
Se me perguntarem quanto tempo isto durou e por quantas crises passei, não saberia responder. Havia perdido completamente a noção do tempo.
Pouco a pouco fui vencendo crise por crise, chegando ao revertério, sentindo-me completamente depauperada fisicamente e o cansaço físico e mental tomava conta.
Passei horas e horas a fio, como se repousasse após um pesadelo. Às vezes abria os olhos e percebia que o meu marido estava ao lado da cama, como se velasse meu sono.
É óbvio que fui obrigada a fazer um tratamento clínico severíssimo, pois era pele e osso em cima de uma cama.
No decorrer desse tratamento fui renascendo para minha própria vida e para aqueles que eu tanto amava.
Qual não foi minha surpresa, ao me encontrar bem consciente, pude perceber que Deus não me havia abandonado, pois meu filho estava andando, correndo, falando e vivendo uma vida totalmente normal, mostrando assim, que todos os meus esforços não tinham sido em vão.
Mais surpresa fiquei ao perceber que INABEL havia me perdoado, pois seu comportamento em relação à minha pessoa, voltou a ser normal como nada tivesse acontecido.
Luiz Antonio muito conversou com ela sobre meu comportamento tão estranho, explicando-lhe que que estivera muito doente e o que ela ouvira não passava de uma " transferência ", acontecimento muito normal num tratamento psiquiátrico.
Percebi claramente que o perdão de minha filha fora sincero, poe suas atenções, preocupações à minha pessoa, não procurando fugir ao assunto que a fizera tanto sofrer. Entendeu bem o problema, a partir daí o relacionamento entre mãe e filha foi franco e aberto.
Por incrível que pareça, nós que antes de toda a fatalidade acontecida, tínhamos muitas conversas, diálogos, e a partir daí eles aumentaram.
Notei apenas que ela estava bem amadurecida, passando a passos largos da infância para a idade adulta.
E, tudo isso só aconteceu por existir o AMOR.
Amor entre mim , meu marido, Luizinho e INABEL.
Portanto, o amor cura, quando existe AMOR de verdade, todos os problemas e obstáculos ficam para trás e faz renascer uma nova oportunidade, uma nova VIDA.
E repeti aqui muitas vezes a palavra AMOR, porque realmente foi o que me salvou. "
Continua nos próximos dias ...
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