" Se Luizinho fosse para uma escola só de excepcionais, iria sentir a diferença, se fosse continuar em uma escola de crianças normais, teria a mesma impressão.
Nesse espaço de tempo, por recomendação médica, inscrevemos nosso filho numa escola de natação da polícia militar daqui de Santos, para que se desenvolva com mais resistência física, na qual vai indo muito bem.
Iniciamos o tratamento de psico-motricidade, porque sua coordenação motora estava bastante falha.
Conforme havíamos combinado, com a pediatra foi marcado um dia para fazer o exame genético. Na data marcada entramos em contato com o médico indicado. Ouviu atentamente todo o histórico da vida de nosso filho, com muita atenção.
Examinou-o minuciosamente, detalhe por detalhe, avisando que faria todo o possível para esclarecer todo o caso, a bem de nosso filho, e de nós mesmos. Adiantou-nos também , que tal estudo seria um tanto demorado, mas garantiu-nos de antemão , por toda experiência que possuía, podia nosso filho ser portador de alguma anomalia, mas não de Síndrome de Down, e ainda disse que não estava falando isso, somente para nos agradar.
Notamos um interesse fora do comum no referido médico, o qual nos fez acreditar piamente que ainda existe gente maravilhosa., transmitindo muita confiança e amor.
Colheu o sangue de nosso filho e aconselhou-nos a fazermos o mesmo, pois assim elucidaríamos totalmente nossas dúvidas.
Saímos de lá confiantes, aptos para recebermos qualquer diagnóstico; hoje estamos mais preparados para o fato, mas mesmo assim ele nos orientou psicologicamente.
Mas, o importante no caso, é que percebemos sua sensibilidade, embora ele não forçasse esse sentimento.
Encostava sua cabeça na parede e recostado meio para trás ficava olhando nosso filho, mas sua mente trabalhava no sentido de nos dar rápida resposta.
Foi uma sensação magnética. De confiança, respeito e admiração. Sentindo nossa preocupação no pagamento do tratamento, que seria longo, o qual realmente estava fora do nosso alcance, pois Luiz Antonio já havia gasto uma fortuna com o meu tratamento ocular e da reabilitação em relação às drogas e ao tratamento do Luizinho desde o nascimento.
Essa maravilhosa criatura , que anonimamente , através de microscópios e outras técnicas, vai ajudando tantas famílias, se prontificou a nos ajudar , sem cobrar nada e um dia nós o pagaríamos , a importância que fosse, determinada por nós mesmos, e que jamais nos deixaria de atender por esse motivo. Obrigado Dr.Tomas.
Indicou-nos para fortalecer nossa orientação, uma clínica especial de crianças limítrofes em São Paulo, e que lá fôssemos tranquilos, sem nos preocuparmos com qualquer tipo de pagamento, que ele iria expor à orientadora de lá , o nosso caso.
Marcamos por telefone o dia do primeiro contato, e lá fomos.
Ao chegarmos, a senhora que nos iria atender ainda não havia chegado. Ficamos sentados esperando-a numa ante sala e ali pudemos observar detalhes daquele estabelecimento. Eu, meu marido e meu filho. Nós que pensávamos que já tínhamos vivência suficiente, muita experiência e conhecimento de tudo, começamos a nos sentir num mundo novo, que nos era totalmente desconhecido. Ficamos tão pequeninos !
Sem que aquelas senhoras percebessem, notávamos o tratamento que dispensavam àquelas crianças. Que abnegação ! Que amor !
Elas conseguem penetrar no mundo de cada uma daquelas crianças, havendo até igualdade entre elas e as próprias crianças.
Percebemos que algo de anormal havia acontecido. Logo pudemos sentir que era uma briga entre meninos. Mas que beleza. Quanta sutileza, quanta democracia, quanta liberdade de expressão, não havendo barreiras de ordem hierárquica. "
Continua nos próximos dias...
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