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CAPÍTULO 27 - ROMANCE LUIZ E LUICA

2 de maio - 16h56

" Notamos atualmente que dentro de uma sociedade, ficou bem mais acentuada a marginalização ao deficiente físico e mental. Eu própria sinto, embora não sabendo o porquê, não sou aceita no meio ambiente que hoje vivo. Seria compaixão ? Sentimento esse que não aceito, pois não devemos nos compadecer de quem porventura carrega um defeito físico.

Devemos nos compadecer dos pobres de espíritos, pois estes são os verdadeiros inválidos dentro de nossa sociedade, porque nada fazem por si mesmos e tão pouco a um semelhante.

Seria esta marginalização fruto de conversas fúteis e frívolas das quais não participo e não me agradam ? Ou seria também porque quando tecem comentários sobre as roupas de fulana ou beltrana, eu não me manifesto ? Seriam essas pessoas vazias demais? Não me aceitam porque ainda não as compreendi ?

Para tirar essas barreiras, não teria eu primeiro entendê-las ?

Teria eu que chegar e não esperar que me entendam e assim chegassem a mim ? Estaria eu complexada ? Será que o problema realmente estava em mim ?

De certo modo, sim. Temos que compreender toda uma sociedade, pois esta não se encontra suficientemente preparada para nos aceitar como somos. A verdade é que jamais conseguiremos mudar a mentalidade da humanidade toda, mas sim, nós que deveremos mudar nosso comportamento em relação a elas, entendendo-a, adaptando-se a ela e não exigindo sua transformação.

Mas como pingos de água no mar imenso, vamos lutando para que o deficiente tenha plena aceitação.

Nosso filho também, não pelas crianças, pois são tão inocentes como ele, mas seus respectivos pais em sua quase totalidade, é marginalizado. Foram poucas as pessoas adultas que durante os seus 9 anos de vida, lhe pegaram no colo, lhe deram um beijo, um carinho e a devida atenção. E tenho certeza, pelas perguntas que meu filho faz, ele também já percebeu esta rejeição.

Pode parecer complexos tanto eu repetir : deficiência visual, física e mental. Marginalização e rejeição. Más é realmente o que todos sentimos. Meus complexos, se ainda os tenho, são poucos e acredito já ter vencido esta fase. Tento sempre aprender e ouvir conselhos, nunca mais fugindo a qualquer tipo de problema, mas faço uma pergunta: por que a sociedade quando existe uma promoção de impacto sobre deficiência de saúde, através da imprensa, escrita, falada ou televisada, como por impulso se levanta toda a sociedade ? E quando o impacto passa, tudo volta ser como antes ? Acomodam-se ?

Por que tal solidadriedade não ser dada individualmente ?

Se cada uma das pessoas em nosso país soubesse a quantidade de crianças, às quais não se integram por falta de uma oportunidade, que num simples estender de mãos já seriam de grande ajuda, e se assim fosse, não necessitaríamos de campanhas promocionais alertando uma população. Será que esse Ano Internacional do Deficiente Físico é somente simbólico ?

Vamos nos unir, confessando que nada de positivo também fizemos, a não ser dando palestras para um número reduzido de pessoas, muito pouco para quem quer realmente ajudar o próximo.

Não falo por mim, mas em nome de milhares de famílias que não tiveram a sorte que tivemos, ao cruzarmos com anônimas e maravilhosas criaturas , por quem fomos ajudados.

Não nos tomem como super heróis da vida, nem como um casal perfeito. Temos muitas falhas. Não interpretem nossas vidas como um mundo cão, mas que nossos erros sirvam , como já disse, de grande alerta para todos. E se porventura, por uma razão, talvez bem maior que a nossa, de sofrimento, tenham forças, muita fé, reajam contra o destino.

Hoje posso falar orgulhosamente, pois mesmo passando por tudo que passamos, estamos juntos, bem juntinhos, aquele AMOR tão infantil nascido num dia tão distante , naquela praia deserta, e hoje o AMOR é bem maior e o juramento feito diante do altar continua o mesmo. Sólido e inabalável.

Claro que mudamos fisicamente, envelhecemos, tivemos feridas que nos marcaram, mas nosso lema sempre será : o AMOR, a verdade e a justiça. "

 

Continua nos próximos dias...

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