LIVRO

CAPÍTULO 32 - ROMANCE LUIZ E LUICA

2 de maio - 16h45

Minha família então mudou-se para Santos e eu estava radiante de felicidade que eles estavam ao meu lado.

Eu ia jantar na casa deles quase todos os dias com a Camila. Saía do banco , pegava minha filha e ia ao encontro dos meus pais e irmão.

Eu já era gerente adjunto no Unibanco e meu marido, Gerente Regional, cargo de muita confiança e somente um grau abaixo da diretoria.

Dez anos havia passado desde que apareceu o câncer na minha mãe, a meu ver ela estava curada, mas infelizmente começaram a aparecer novos sintomas da doença.

Meus pais fumavam muito e tinham uma vida sedentária.

Bem, havia aparecido metástases nos ossos e pulmão de minha mãe. A tristeza voltou.

Como eu havia trancado a matrícula da faculdade de psicologia, resolvi voltar a estudar, já que Camila estava maior. Entrei em Administração de Empresas, porque estava muito relacionado ao meu trabalho do banco.

Meus pais ficavam com Camila à noite para eu poder estudar.

E minha mãe , praticamente ia todos os dias na Santa Casa realizar o seu tratamento.

Tomava apenas radioterapia nas áreas afetadas pela doença.

Três anos se passaram e anteriormente mamãe pelo menos não estava com a doença avançada, estava sob controle, mas comecei a reparar que ela já não estava tão bem como antes.

Em um ano, infelizmente, o câncer retornou , seus ossos estavam muito enfraquecidos, foram tomados também pela osteoporose, suas costelas quebravam somente ao respirar mais profundamente.

Estava com tanta perda óssea e muscular, que já não andava mais. Estava numa cadeira de rodas.

Aí novamente eu converso com Deus : o que uma criatura como minha mãe tanto fez de mal para merecer uma vida tão conturbada, uma saúde tão frágil, desde a cegueira, até o câncer ?

Será que ela estava pagando algum dano que fez em vidas passadas ?

Nunca procurei um centro espírita desde que ela faleceu, mas um dia irei, até para tentar esclarecer algumas dúvidas e ter algumas respostas.

Só que como falei em capítulos anteriores, minha mãe era tão resiliente com tudo que acontecia com ela, que aceitava o seu próprio destino e procurava sempre nos consolar e nos dar amor.

Acho que o espírito da LUICA ( minha mãe) já encontrava-se muito evoluído.

E, num dia de sexta feira, dia 05 de março de 1992, saí do banco com uma intuição ruim, parecia que algo iria ocorrer. Eu estava esquisita e parece que sou sensitiva, às vezes sinto realmente coisas que irão acontecer.

Peguei Camila na escolinha e a deixei na casa dos meus pais , como de praxe, mas senti minha mãe muito, muito quieta, mais até de costume. Ela sempre foi uma mulher reservada, nunca foi de falar muito. Mas naquele dia minha mãe estava ainda mais instrospectiva. Meu pai era mais extrovertido.

Ao sair para ir para a faculdade, ao despedir de minha mãe , ela só falou  " Fique com Deus, minha filha. "

Frase que eu me lembre, não havia me falado há muitos anos.

Aquela frase, na hora, não percebi, mas acho que ela havia se despedido de mim.

Ao voltar da faculdade, eu não estava bem, eram 11 horas da noite, bati até meu carro no portão do prédio. Alguma coisa estava errada ...

Normalmente, meu marido quando chegava do banco, de sexta feira, já ia até meus pais pegar a Camila e me esperava em casa.

Mas subi no meu apartamento e eles  não haviam chegado. Naquela época ainda não existia  celular.

Assim que abri a porta, o telefone tocou; era meu marido pedindo que fosse até a casa de minha mãe. Realmente havia acontecido alguma coisa e ele não me falara.

Ao chegar lá , me deparei, minha querida mãe havia falecido, e a última pessoa que a vira com vida, foi minha filha Camila, pois estavam de mãos dadas quando minha mãe desencarnara.

Realmente, foi um dos dias mais tristes de minha vida, pois aquela mulher guerreira, que tanta dificuldade passara na vida, uma mulher que praticamente fez sozinha que seu filho andasse, falasse,... , uma mulher de verdade havia agora literalmente descansado .

Aquela menina de treze anos, do início desse livro, já não existia fisicamente, mas estará sempre na minha memória.

Aquela morena pequena, mulher de verdade, quem sabe , um dia irei reencontrá-la e lhe abraçarei com muita saudade.

Não pratico a religião espírita, mas acredito sim que ao desencarnarmos vamos para algum lugar, que encontraremos nossos entes queridos falecidos há mais tempo e que até muitas interrogações do que acontece em nossas vidas serão esclarecidas.

Tem que haver uma razão para muitas mortes, até prematuras, tem que existir um porquê, uma justificativa.

Será que realmente vivemos em outras vidas e voltamos na atual com as mesmas pessoas, até para pagar dívidas passadas ?

Não pode existir a frase, que ouço constantemente, por muitas pessoas. " Morreu, virou pó." Não, não é possível e não acredito nisso.

Tem que haver uma razão por tudo que acontece em nossa vida.

 

Continua nos próximos dias...

 

 

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